Quimioterapia: e os cabelos?

Após o diagnóstico de câncer e a necessidade de realizar quimioterapia o que mais assusta e preocupa na maioria das vezes é saber se o cabelo irá cair. Isto porque é uma alteração física, visível que afeta a auto estima e auto-imagem, podendo alterar a qualidade de vida.

Um dos efeitos colaterais do tratamento quimioterápico é a perda de cabelo (alopecia), que pode ocorrer em todo o corpo, incluindo a cabeça, rosto, braços, pernas, axilas e região pubiana.

O cabelo é o que mais preocupa, pois é visível. Ele pode cair de uma vez só, ou gradativamente. A perda do cabelo, muitas vezes, é uma experiência desafiadora, tanto psicologicamente, como emocionalmente. No entanto, a perda do cabelo é temporária e o cabelo volta a crescer após o fim do tratamento.

O tratamento interrompe a multiplicação das células do bulbo folicular, responsável pelo crescimento, provocando assim a queda gradativa do cabelo, deixando os pacientes carecas ou com pouco cabelo durante o tratamento. Quando os fios voltam a crescer ocorre uma redução na espessura da fibra capilar, podendo provocar uma variação na espessura dos fios no couro cabeludo e o cabelo se torna heterogêneo podendo se ondular. Pode ocorrer também alterações na quantidade de melanina podendo alterar a coloração dos cabelos na fase inicial, que ao longo dos meses subsequentes à quimioterapia voltam a sua tonalidade anterior.

Não existe shampoo, estimulante ou solução que previna a queda, portanto, aprender a lidar com a perda de cabelo antes que ocorra ajuda o paciente a se preparar para essa mudança na aparência. Falar sobre sentimentos com um terapeuta, com alguém que passou por experiência semelhante, com um familiar ou amigo pode proporcionar algum conforto. Além disso, quando a perda do cabelo é inevitável, isso deve ser conversado com os familiares, amigos, e especialmente com as crianças, antes que ocorra.

Algumas pessoas preferem cortar o cabelo mais curto antes do início do tratamento, o que torna a perda menos traumática.

 

Cabelos e Quimioterapia

 

Cuidados com o Cabelo e Couro Cabeludo

Escolha um shampoo suave de preferência os de bebês para lavar o cabelo e o couro cabeludo.

Utilize toalha macia para secar, com movimentos suaves sem esfregar.

Utilize uma escova de cabelo macia para arrumar o cabelo remanescente.

Use protetor solar no couro cabeludo quando estiver ao ar livre.

Cubra a cabeça durante os meses mais frios para evitar perda de calor do corpo.

Evite secar o cabelo com altas temperaturas.

Evite o uso de produtos químicos, principalmente os que tem na sua composição amônia.

Evite fazer permanente.

Utilize fronhas com tecidos macios, dê preferência as de cetim que deslizam e não causam fricção.

 

Perucas e Apliques

Se preferir usar peruca ou apliques, compre enquanto ainda tiver cabelos. Escolha uma com o tom parecido com seu cabelo original, que seja confortável e não machuque o seu couro cabeludo.

 

Depois da queda do cabelo é recomendado que você:

Proteja a cabeça, especialmente o couro cabeludo, que pode estar sensível, com chapéu, turbante ou lenço de cabeça.

Não fique em ambientes com temperaturas muito baixas ou muito altas. Use sempre um bloqueador solar para proteger o couro cabeludo.

Quando for dormir use um travesseiro com fronha de cetim, esse tipo de tecido cria menos fricção que um tecido de algodão, e pode ser mais cômodo para dormir.

Como o couro cabeludo pode ficar sensível, evite usar sprays de cabelo; “bobbies” ou produtos que enrolem os cabelos; presilhas e clips para cabelos.

 

Cuidados com o Cabelo Crescendo

O cabelo volta a crescer de 2 a 3 meses após o término da quimioterapia e o crescimento total do cabelo, algumas vezes, leva de 6 a 12 meses. Temporariamente, a textura e a cor do novo cabelo podem ser diferentes do seu cabelo antes da queda, mas as células do pigmento regeneram-se espontaneamente, e logo seu cabelo retorna à cor original. Alguns cuidados devem ser tomados durante o crescimento do cabelo:

Procure lavar o cabelo apenas duas vezes por semana.

Massageie o couro cabeludo para remover a pele seca.

Limite a quantidade de escovações, o uso de grampos e a secagem com altas temperaturas. O novo cabelo, inicialmente, será muito mais fino e mais propenso a quebra do que o cabelo original.

Evite frisar ou alisar o cabelo com produtos químicos até que tenha atingido, no mínimo, 3 cm de comprimento.

Evite fazer permanente e coloração, pelo menos, três meses após a última quimioterapia.

 

Karin Kayser
Enfermeira CRON

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