Câncer: o desafio do futuro

Até o final da década de 80, as perspectivas dos pacientes com câncer eram em sua maioria, desesperadoras.

Com o desenvolvimento de novas drogas para o tratamento, novas técnicas cirúrgicas e sobretudo, aperfeiçoamento dos meios de diagnóstico, a perspectiva dos pacientes com câncer mudou e, em alguns casos, drasticamente. Pacientes que, em 1980 estavam condenados, tem hoje chance de cura. O diagnóstico precoce, meios mais precisos de definição e caracterização da doença, grande número de profissionais treinados e a disseminação da tecnologia país a fora – ou pelo menos, por todo o estado – fez com que o número de pacientes tratados em controle, ou mesmo curados, aumentasse. Isso, com certeza é muito bom. Mas abre-se então, um novo debate: o custo da saúde e a quem cabe pagá-la.

É sabido que o estado gasta pouco – e mal – o dinheiro destinado ao atendimento da saúde. E, apesar disso, os avanços na estrutura de prestação de saúde se estenderam a muitos brasileiros, que havia pouco, não tinham acesso – ou se o tivessem, era de forma parcial – ao sistema.

 

Câncer: o desafio do futuro

 

Paralelo a isso, existe o sistema de saúde privada (os planos de saúde) que pretende oferecer um atendimento de saúde mais completo e de forma distinta do sistema público. Bem, mas os custos vem aumentando ano a ano, pelo que já foi exposto e pela intervenção do Estado, através da ANS – Agência Nacional de Saúde e da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que passaram a exigir que as operadoras de saúde passem a oferecer serviços e tratamentos não previamente contratados. É interessante notar, que os mesmos serviços e tratamentos não são exigidos do sistema público de saúde.

Então, com o encarecimento acelerado do custo do setor de saúde, aumento da expectativa de vida dos brasileiros, cabe a discussão, sobre quem e, de que forma, esta conta será paga. O debate, inclusive no setor público, é importante e urgente. A definição deste tópico garantirá o desenvolvimento futuro, do sistema de saúde como um todo (público e privado) e o acesso cada vez mais democrático dos brasileiros aos resultados dos avanços da ciência.

 

Dr. Hugo Schünemann
Oncologista – CRM: 15663

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